Tinha começado a escrever para a MotoJornal há pouco mais de um ano. A indústria motociclística mundial apresentava as novidades ainda de forma tímida, para mais nem sempre aproveitadas pelos importadores nacionais, ainda a “ganhar embalo” no que à imagem e comunicação dizia respeito, de maneira que a malta que estava neste meio andava com uma fominha de moto inimaginável. Assim, a possibilidade de organizar um teste de 24 Horas com a novíssima CBR 900 RR, mais do que um evento capaz de oferecer uma reportagem interessante aos leitores da revista ou proporcionar um retorno de imagem alucinante para a marca – foram cerca de 20 as páginas dedicadas - representava um momento único e uma oportunidade fabulosa de curtir com a melhor desportiva do momento na única pista que existia em Portugal.
Para mim significava uma série de estreias. Nunca tinha andado numa pista, ainda não tinha colocado o joelho no chão em curva (pelo menos sem tocar depois com as manetes...) e nunca tinha andado numa moto tão potente. Quando cheguei ao autódromo escolhi o fato e o capacete que melhor me serviam - ainda não tinha equipamento próprio - tendo o cuidado de verificar se estariam desocupados quando chegasse a minha vez. A quantidade de inscritos era grande e esperavam-me dois turnos, um diurno e um nocturno. O Mário tinha garantido a questão dos consumíveis, com dois jogos do novíssimo Michelin Radial, a gasolina era oferecida pela Mobil e a assistência mecânica pela Honda, através do Mestre Saraiva.
A primeira surpresa deu-se ao fim do primeiro turno feito pelo Mário Figueiras, ao entrar nas boxes com o pneu traseiro já bastante gasto. Como tínhamos apenas mais um, o que deveria durar vinte e quatro horas acabaria em menos de uma... A solução foi montar uns M48 e A48, e esperar que nos trouxessem mais alguns jogos. Foi o que aconteceu e conseguiram-se fazer mais de quinhentas voltas, sem que a moto tivesse o mais pequeno problema. O meu turno diurno correu bem e cada volta era uma descoberta, tanto das trajectórias como das reacções da moto. A CBR 900 Fireblade tinha uma frente muito nervosa mas o motor era de uma enorme suavidade, apesar de potente.
O turno da noite foi melhor. Às 3 da manhã mergulhamos num silêncio recortado pela luz, aprimoramos as trajectórias e atingimos um estado de concentração único. Fazer a parabólica a “abrir”, derreter o que o motor tinha para dar e travar com o ponteiro já nos 260 km/h era um chuto de adrenalina a cada volta. Foi a experiência mais envolvente que tive até hoje em cima de uma moto. Perto do final apanhei dois sustos. Já tinha sido avisado que havia coelhos a atravessar a pista, mas só percebemos o que isso significa depois de vermos um a passar à nossa frente. Acabou por correr bem, sobretudo para o coelho, mas fiquei suado. A experiência mais dura foi no entanto ter feito 2:17”, ficando a 2 segundos do Pedrinho Martins. Não gostei e prometi a mim mesmo que não voltava a acontecer.
O turno da noite foi melhor. Às 3 da manhã mergulhamos num silêncio recortado pela luz, aprimoramos as trajectórias e atingimos um estado de concentração único. Fazer a parabólica a “abrir”, derreter o que o motor tinha para dar e travar com o ponteiro já nos 260 km/h era um chuto de adrenalina a cada volta. Foi a experiência mais envolvente que tive até hoje em cima de uma moto. Perto do final apanhei dois sustos. Já tinha sido avisado que havia coelhos a atravessar a pista, mas só percebemos o que isso significa depois de vermos um a passar à nossa frente. Acabou por correr bem, sobretudo para o coelho, mas fiquei suado. A experiência mais dura foi no entanto ter feito 2:17”, ficando a 2 segundos do Pedrinho Martins. Não gostei e prometi a mim mesmo que não voltava a acontecer.